Futebol Canadense e o Programa de Desenvolvimento de Jogadores
Na Coluna deste mês, Lucas Alecrim explica o trabalho que os canadenses fazem para melhorar o seu futebol em todas as categorias.
08/04/2024 às 04h00Atualizada em 08/04/2024 às 06h37
Por: Lucas Alecrim
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Um pouco antes da pandemia da COVID-19, eu fui para minha tão sonhada viagem para o Canadá. Mais precisamente para a cidade de Vancouver. Uma cidade muito bem planejada e muitas atrações para visitar.
Uma das minhas vontades era ver um jogo de Hockey no gelo. Saí daqui do Brasil com meu ticket já comprado para assistir os Canucks jogarem. Uma experiência fora do normal! Nós brasileiros, acostumados com nossos espetáculos esportivos, nada se compara ao que presenciei na Rogers Arena. Enfim, se estiver na dúvida para ir, estou aqui te encorajando!
Inclusive, tentei “fugir” do futebol para conhecer algumas coisas diferentes. Mas o futebol me encontrou. Desde o meu professor de inglês, Collins, até os integrantes da família na casa na qual fiquei hospedado. Todos queriam saber do futebol brasileiro. E claro, fiz esse “sacrifício” de desenvolver o assunto.
Mas, o que mais me chamou a atenção foi como existe realmente o futebol lá. Claro, que em proporções menores do que o Brasil. Mas, pelo pouco que vi, o movimento de crescimento existia. Inclusive pelo time mais famoso da cidade que é o Vancouver Whitecaps FC.
Vários materiais de marketing espalhado pela cidade com fotos de Lucas Cavallini, Inbeom Hwang e outros vestidos com a camisa do time. Todos eles convocavam você para se juntarem a eles no próximo jogo dentro do BC Stadium.
Tive que fazer outro “sacrifício” e ir na loja deles comprar uma camisa. E que camisa!
Essa pequena introdução pessoal foi apenas para dizer que, depois de três anos, tivemos a oportunidade de ver a seleção masculina canadense regressar a uma Copa do Mundo através de uma fase classificatória invejável. Um aproveitamento nas eliminatórias da CONCACAF de 67% em 14 jogos (8 vitórias – 4 empates – 2 derrotas).
Porém, muito antes dessa grande campanha, o futebol canadense já era conhecido a nível mundial pela proposta apresentada pela seleção feminina! E uma representação bem significativa!
As meninas canadenses que deixaram apenas de participar de um único mundial apenas (1991) e tiveram passagem em cinco jogos olímpicos, coleciona algumas conquistas como uma medalha de ouro nas olimpíadas (2020), duas taças de campeãs na Copa Ouro (1998 e 2010) e uma medalha de ouro nos jogos Pan-americanos (2011). E tiveram muitas outras campanhas de destaque que, por ironia do destino, não sagraram-se campeãs.
E nas categorias inferiores também merecem seus respectivos destaques, como o vice-campeonato na Copa do Mundo Sub-20 (2002) e o quarto lugar na Copa do Mundo Sub-17 (2018).
As meninas se fazendo presentes de forma significativa nos torneios internacionais a um bom tempo. E com muitas grandes jogadoras ao decorrer do tempo, como Christine Sinclair. Christine Latham, Sophie Schimidt e outras.
E um fato curioso no plantel canadense na última Copa do Mundo, é que apenas uma atleta atuava em times do próprio pais: Olivia Smith (18 anos) que atuava no North Toronto Nitros. As demais nos mercados dos EUA e Europa.
Claro que, a competitividade das meninas dentro de campo nem sempre foi tão temida dentro de campo como nos dias atuais. Tomaram muitas goleadas, como 7 a 0 (1995) e 7 a 1 (1999) da Noruega, para atingirem o patamar que se encontram hoje. Inclusive, para serem campeãs olímpicas.
Retornando para o futebol masculino, eu acredito que o caminho tenha sido um pouco diferente da seleção feminina por alguns fatores. Fatores esse que convido você a ler a matéria do Footure desenvolvida pelo profissional Filipe M. Paiva. Está tudo muito claro nas palavras posta pelo escritor no texto. A proposta dos canadenses de voltarem ao mercado de forma mais competitiva!
Filipe aborda vários pontos significativos para um crescimento no esporte dentro do Canadá: desde o impacto do volume de imigração, criação da Canadian Premier League (CPL), times se juntando à Major League Soccer (MLS) até um relatório emitido em 2014 chamado de “Becoming a Leading Soccer Nation”. Relatório esse, segundo Filipe, que explana alguns pilares para a melhoria do futebol do país, como “O projeto tinha como pilares o investimento na formação de técnicos, árbitros e a consolidação da formação de jogadores por meio das categorias de base existentes, ligas amadoras e profissionais”. Tive a oportunidade de ler esse documento. Caso se interesse, está disponível na internet de forma prática.
E, através desse gancho, que fui mais a fundo no tema. Consegui encontrar mais materiais enriquecedores do tema e encontramos no próprio site da confederação canadense, o PDP: Plano de Desenvolvimento de jogadores (as) no Canadá. Um material fantástico que disponibilizamos aqui para vocês.
Apesar de o material ser simples e curto, descreve de forma objetiva como eles acreditam que deva-se gerenciar a formação de um(a) atleta de futebol. Isso em todos os aspectos. Um programa disponível para todos e todas! Tudo isso atuando em conjunto com as federações das províncias.
Abaixo, é possível ver alguns desse pilares trabalhados no programa:
Claro, esse não é o único programa junto a CAF. No site da mesma é possível ver outros tipos de ações para o fomento do esporte no país!
Com isso, acreditamos que o país com população, aproximadamente, 40 milhões de habitantes (2023) e Produto Interno Bruto (PIB) de quase 2,20 trilhões USD (2022), possa cada vez mais nos surpreender e alegrar seus torcedores nas competições de caráter mundial.
Grande abraço
Lucas Alecrim
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O escritor Lucas Alecrim, Diretor Executivo da LMA Gestão em Processos, traz na coluna FUTEBOL EM 4 CANTOS algumas matérias e textos com focos nas gestões de clubes e seleções da Argentina, EUA, México e Paraguai. O Objetivo? Tentar trazer para nossa realidade e conhecimento algumas dessas gestões para que possamos ver o trabalho que tais escolas futebolísticas (e de gestão) possam contribuir para nosso entendimento junto ao esporte mais amado do mundo.